"Para 2025, saltaremos para a Europa. Vamos constituir um dos quatro ou cinco projetos europeus líderes no âmbito logístico a nível continental"

— Ángel González, Director General da Ontime

O diretor geral da Acotral e agora da Ontime, Ángel González, está vivenciando em primeira mão o processo de crescimento de um grupo logístico e de transporte que tem uma clara vocação europeia e a ambição de se tornar uma das principais empresas do setor a nível continental.

Ángel González, atual diretor geral da Ontime, tem mais de trinta anos de experiência no setor de transporte, desde que se juntou à Acotral em 1993, vindo de um setor naquela época tão distante do transporte (e hoje tão próximo) quanto é o setor elétrico.

Desde então, ele testemunhou o crescimento espetacular dessa companhia malaguenha que, sob a liderança de Domingo de Torres, se tornou uma das maiores, mais complexas e eficientes empresas de transporte de mercadorias do país. Também uma das mais inovadoras.

Desde sua posição na Acotral, González, uma pessoa que maneja ideias e palavras com uma velocidade impressionante e de maneira próxima, mas sempre com precisão, foi testemunha direta da compra da Acotral pela Ontime. E agora, do seu posto de diretor geral da Ontime, também lhe cabe uma parcela importante do vigor deste grupo que cresce através da aquisição e integração de empresas rapidamente, que vislumbra alcançar 1.000 milhões de euros de faturamento para 2024 e que já está traçando seu salto para a internacionalização, com a ideia de desempenhar um papel decisivo no mapa do transporte europeu.

«Ontime faz uma aposta decidida em ter seu próprio músculo»

– Cadena de Suministro (CdS): Como surgiu a Ontime?

– Ángel González (AG): A companhia surge em 1991, iniciativa de um grupo de amigos no segmento de mensageria.

Mais tarde, com a crise de 2008, repensou-se o posicionamento da companhia perante as margens baixas da época e optou-se por uma empresa de maior tamanho e com um perfil de operador logístico integral.

Para alcançar isso, conversou-se com novos investidores, elaborou-se um plano de negócios e iniciou-se o processo de crescimento consolidando o setor de paqueteria a nível nacional, incorporando empresas.

Esse processo, juntamente com o crescimento orgânico, foi moldando a nova Ontime que, por volta de 2019 ou 2020, já adquire uma dimensão nacional e, além de paqueteria, também começa a fazer carga completa.

Com esta operação, a Ontime, que se define como uma companhia logística integral, já está presente em todas as áreas do transporte.

– CdS: Como foi o processo de incorporação da Acotral?

– AG: «A família Torres estava analisando diferentes possibilidades para o futuro da empresa.

Nesse processo, tiveram a sorte de encontrar uma empresa séria e confiável, como a Ontime. Foi amor à primeira vista. Carlos e Domingo se sentaram e o negócio foi fechado muito rapidamente, porque ambos são homens de negócios. Na verdade, o processo foi muito rápido.

O primeiro contato foi no final de abril e, em outubro de 2022, já tínhamos assinado com a aprovação até do principal cliente da Acotral.

Desde o final de setembro, a Ontime completou a integração da Capitrans, atuando agora como único administrador da empresa murciana, substituindo os anteriores administradores solidários.»

"Ontime não entra no mercado de qualquer jeito. Observa as necessidades existentes e sempre foca no cliente..

Ontime Nuestra Red

– Cds: É um projeto diferente do que se tinha visto até agora na Espanha.

– AG: Não exatamente. Ontime fez uma aposta forte em uma área de atividade como os serviços dedicados, que não estavam em suas origens, mas em que já trabalhava há algum tempo.

Para entender um pouco sobre Ontime, é necessário compreender que a empresa trabalha para fazer um terno sob medida para cada cliente que tem. Nossa missão é resolver todos os problemas logísticos de nossos clientes.

Nós demonstramos que queremos dar 100% das soluções logísticas aos nossos clientes, inclusive com serviços internacionais.

Nesse sentido, Ontime não vai ao mercado de qualquer maneira. Observa a necessidade, foca no cliente e vê suas necessidades. Por exemplo, as necessidades de serviços de muitos dos nossos clientes com a Grã-Bretanha foram o que nos levou a realizar a compra da Capitrans.

Neste sentido, queremos continuar trabalhando para crescer, tanto organicamente quanto inorganicamente, por ambas as vias.

– Cds: Como foi o caso da Envialia?

– AG: Neste caso, dizia-se que compramos a empresa porque era uma operação que cruzou o nosso caminho, mas não é tão simples assim.

Anteriormente, havíamos adquirido empresas de entrega de encomendas industriais como a Gallastegui ou La Murciana, o que nos fortaleceu bastante no setor de encomendas industriais, mas o courier não estava crescendo na mesma velocidade.

Tudo que envolve distribuição em pequena escala não estava progredindo da mesma forma e, no entanto, temos muitos clientes aos quais queremos fornecer um serviço integral, o que não é apenas uma forma de falar, mas algo que demonstramos todos os dias.

Neste sentido, claro, a compra da Envialia foi uma excelente operação e já está totalmente integrada na estrutura do grupo.

– CdS: ¿Y Acotral?

– AG: Societariamente e como marca, a Acotral manteve-se para o serviço ao seu cliente principal, aproveitando que tinha uma estrutura muito definida e simples, muito à medida do que é necessário para esse caso específico. O cliente quer que tudo continue como está e nós estamos aqui para fazer o que o cliente considerar apropriado.

– CdS: Capitrans se tornou o braço internacional da Ontime?

– AG: Dentro do nosso plano estratégico, está previsto que até 2025 daremos o salto para a Europa. E nesta nova etapa que iniciamos, estamos certos de que vamos formar um dos quatro ou cinco projetos europeus líderes no âmbito logístico em escala continental.

Temos vontade de dar esse salto para a Europa e formar uma empresa globalmente europeia. Além disso, contamos com capacidade e músculo. E com algo imprescindível que é a vontade dos nossos acionistas e do nosso conselho de administração.

Um conselho que foi remodelado com Alberto Terol, como novo presidente do grupo, e Carlos Moreno, um dos três impulsionadores e atual maior acionista, como conselheiro delegado, juntamente com Enrique de Leiva, Ignacio Moreno e María Rosa Aquerreta.

"No frigorífico vão continuar ocorrendo novas operações de concentração. Vai ser difícil competir para as empresas de tamanho médio e pequeno.

Camiones Ontime

– CdS: Quais são os próximos passos então?

– AG: Temos que perguntar aos clientes o que nos falta, o que mais podemos fazer na logística.

Não descartamos nada. Por exemplo, agora está crescendo a consciência no âmbito da sustentabilidade. Às vezes poderemos melhorar com investimentos, ou talvez em outras ocasiões haverá que buscar negócios complementares que nos permitam dar um salto à frente.

Além disso, também queremos crescer no âmbito da logística. Nesse sentido, agora toca ir absorvendo a Destina Logística.

Com esta empresa entramos no mundo do APQ com instalações espetaculares em Azuqueca. Além disso, também tem presença em Valência e abrimos outras de mais de 20.000 m² na localidade toledana de Borox e outras de 12.000 m² no Corredor de Henares.

De fato, há 300.000 m² de novas instalações logísticas que, entre este ano e o próximo, vão entrar em produção.

A filosofia é dar um serviço completo ao cliente. Por isso, além disso, estamos investindo em equipamentos, em pessoas, em informática, em financiamento e em tudo aquilo que seja necessário para seguir adiante com o negócio.

– Cds: Como você vê a situação do transporte a nível empresarial?

– AG: O setor está se concentrando. Outra coisa muito importante, e pela qual estamos fazendo uma aposta muito decidida, é por ter força própria. Nesse sentido, já superamos a marca de 6.000 trabalhadores e contamos com uma frota de algo mais de 4.500 veículos.

Nossa vantagem competitiva é precisamente termos força própria. Nós transportamos com nossos próprios caminhões, transportamos com nossas próprias vans. Sempre temos estrutura suficiente para resolver qualquer incidente.

– Cds: E no segmento do transporte frigorífico, vão continuar ocorrendo operações como as que têm sido registradas nos últimos exercícios?

– AG: Sem dúvida, no transporte frigorífico vão continuar ocorrendo novas operações de concentração. É um movimento impossível de parar. Vai ser difícil para empresas de pequeno e médio porte competirem com os grandes que estão se concentrando e ganhando tamanho. Estamos claramente caminhando para projetos de âmbito europeu.

Por isso, temos a intenção de expandir para a Europa, e nosso primeiro passo foi a compra da Capitrans. Nossa vontade é contar com uma rede própria em escala europeia.

No segmento específico do frigorífico, há muita capacidade de crescimento. Evidentemente, há anos melhores e anos piores, e as campanhas, já sabemos como são, mas neste momento há muita capacidade de crescimento no setor.

"O setor de transporte está se concentrando e este é o motivo pelo qual estamos fazendo uma aposta muito decidida em ter musculatura própria."

– CdS:A pandemia influenciou esse interesse que existe no setor frigorífico?

– AG: Eu acredito que deu muita visibilidade ao setor. É que quase se tornou um setor de refúgio. As empresas continuaram a operar e a faturar..

Entrevista realizada em